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COMO SABER SE VOCÊ É UM DEPENDENTE DO ALCOÓL

Postado por instrutordanielpena em segunda-feira, 2 de janeiro de 2012 | 19:23

Se me perguntassem qual é o sinal mais frequente do alcoolismo, eu responderia que não é a sensação, por parte do alcoólatra, de já ter perdido o controle sobre o álcool. Digo isso porque quase todo alcoólatra, mesmo que esteja bebendo sem parar, tem a firme convicção de que controla o álcool. Pode até reconhecer que anda se excedendo um pouco, mas quase sempre achará que isso não passa de uma fase. Com essa “teoria da fase”, ele explica tudo e se convence de que parará de beber quando resolver. Não quer se violentar agora, anda tenso, sobrecarregado, mas, logo, logo, passará a “fase” e aí tudo voltará ao normal...
O que caracteriza o alcoolismo não é a sensação de ter perdido o controle; é, isso sim, o fato de estar bebendo frequentemente e em doses crescentes. A curva da bebida é para cima. Só a da bebida...
Tudo começa a se tornar motivo de comemoração. Para vencer a timidez, por que não umas dosezinhas? 

Até para fazer sexo ou namorar há que tomar uns drinques. O alcoólatra bebe porque está triste – para afogar as mágoas - , mas bebe porque está alegre – para comemorar. Bebe porque está nervoso, para acalmar, ou porque anda calmo demais, para dar um realce, um brilho na vida.
De início, bebia apenas nos fins de semana, e somente à noite. Se visita um amigo, logo pergunta pela bebida, tendo sempre a última piada de biriteiro na ponta da língua para justificar o pedido. Mais dia, menos dia, começa a beber à tardinha – é a happy hour – para serenar as tensões do cotidiano. Depois, já de manhã; misturando, é claro, no suco de tomate ou de laranja. Finalmente, engole até álcool puro ou água de colônia para sair da cama...

Se existe algo que caracteriza o alcoólatra é uma ligação com copos, garrafas, e garçons. Sua mente está ligada no álcool. Parece que há um campo magnético que o atrai em direção a ele.
 
O não-alcoólatra pode, eventualmente, exagerar a dose; mas naturalmente e sem esforço retorna à sua moderação. Nele o álcool sacia, não “vicia”. Se bebe demais, empanturra-se e não quer beber de novo. Já o alcoólatra, quanto mais bebe, mais sente vontade de beber.

Em muita gente o alcoolismo é evidente. São os frequentadores assíduos de bares e botequins, que vivem cambaleando, dando vexame, sendo inconvenientes ou falando de língua enrolada. Mesmo nesses casos, porém, em que o alcoolismo fica patente para quem vê esses personagens, para eles, não é bem assim. E, como convivem com outros alcoólatras, igualmente interessados em negar sua condição, cada qual reforça a negação do outro e louva a própria “excentricidade”, algo “poética”. São notívagos, almas boêmias, seres das madrugadas, amantes da noite. Boêmio, sim. Alcoólatra, não. E tome pileque...

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