A Música de Adoração nas Igrejas Evangélicas - Daniel Alves Pena

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A Música de Adoração nas Igrejas Evangélicas

Postado por instrutordanielpena em sexta-feira, 29 de julho de 2011 | 18:56

Lucivaldo Medeiro Brandão
Introdução
Para se compreender e entender a música usada no louvor de outras denominações evangélicas é interessante analisar-se o estudo da transformação pelas quais passaram as formas musicais sacras na América, das influências que sofreram e das várias maneiras como foram praticadas. Dessa maneira se poderá entender porque a maiorias dos evangélicos louvam a Deus da maneira como fazem através da música. Serão examinados neste trabalho os fatores principais que influenciaram a música sacra na América que, por sua vez, também influenciou uma grande parte do mundo na maneira de louvar.
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Capítulo I
O Contexto Histórico
Os Primeiros Anos
No século XVI chegaram os primeiros colonos às terras da América, isto é, os antepassados dos americanos, os peregrinos. Trouxeram consigo dois livros importantíssimos: a Bíblia da versão do Rei Tiago e o hinário de salmos da Baía (Bay Psalm Book). Cantavam salmos puritanos, hinos metrificados com pouca música; mesmo essas poucas sofriam devido a uma execução desconexa, porque eram passadas a gerações sucessivas, em grande parte através da tradição oral. Coros e instrumentos foram basicamente desconhecidos até 1700. O uso exclusivo de salmos nesses dias, era devido à influência de Calvino aos protestantes de fala inglesa. Foi uma tentativa de voltar a uma adoração “bíblica”, livrando-se das adições pós-bíblicas da igreja medieval. Calvino dizia que “só a Palavra de Deus era adequada para ser usada no louvor a Deus”. É certo que durante os séculos seguintes exerceu-se constante pressão para uma reforma.
A Chegada dos Pietistas Alemães
No início do século XVIII, chegaram alemães pietistas trazendo com eles suas tradições de hinologia morávia. O pietismo é um movimento que floresceu no fim do século XVII e início do século XVIII na igreja Luterana Alemã. O movimento clamava para a Igreja sair da sua obsessão, com um seco escolasticismo, um formalismo frio e uma ortodoxia morta, dando ênfase a “uma religião do coração” experimental, isto é, enfatizando a piedade pessoal, a experiência pessoal com Deus.
“Esse movimento inspirou um dilúvio de hinologia subjetiva, e grande parte dos hinos era musicada em métrica tripla, de caráter de dança, em agudo contraste com o estilo coral mais antigo, mais rude .”
Os Reavivamentos
As primeiras manifestações de reavivamento foram entre as Igrejas Holandesas Reformadas de Nova Jersey na década de 1720.
O Primeiro Grande Reavivamento
O primeiro reavivamento ocorreu entre os anos de 1730 a 1750. Seus principais líderes foram: Jonathan Edwards, congregacionalista calvinista e George Whitefield, metodista calvinista, ambos pregadores da predestinação.
A norma de louvor através de salmos metrificados durou até o avivamento de Jonathan Edwards. Em meados do século XVIII, George Whitefield quebra a barreira da inflexível salmologia. Popularizou os hinos do ministro congregacional Issac Watts, “Pai da hinologia inglesa”, em suas reuniões nas colônias americanas. Foram responsáveis por quebrar a servidão da salmologia, e por introduzir “hinos compostos por homens”; por seus atos, Watts concordou com Lutero – visto que era seu louvor, ele podia ser expresso com suas próprias palavras. É bom lembrar que quando Lutero colocava letras sacras em músicas folclóricas, o contexto histórico daquela época girava em torno do Teocentrismo e o Iluminismo ainda não tinha florescido. Batistas, congregacionalistas e alguns presbiterianos depressa se apossaram da tradição de Watts, enquanto que os Episcopais (e certos presbiterianos) continuaram apegados aos salmos até muito depois.
O Segundo Grande Reavivamento
Ocorreu entre os anos de 1790 a 1830. Um de seus principais líderes foi o ex-advogado Charles Granville Finney – pregador presbiteriano com pronunciadas inclinações arminianas em termos teológicos. Com sua ênfase Wesleiana, o “despertamento” de Finney parece ter sido o início de um ministério evangelístico musical claramente definido.
Os Acampamentos
Em 1800 começou o movimento dos acampamentos, com o rompimento de avivamento em um acampamento ao ar livre em Caine Ridge, condado de Logan, estado de Kentucky nos Estados Unidos. A música que caracterizava os acampamentos era muito simples, com muita repetição, e evidentemente muito emocional e freqüentemente improvisada. Muitos dos cânticos dos acampamentos também usavam melodias seculares.
A obra do Espírito Santo era evidenciada pelo número de pessoas que caíam literalmente no chão, sobre a influência da interna emoção da convicção do pecado. Algumas pessoas eram também levadas a rolar, estremecer, dançar e até “latir”. Pode-se compreender que a música dos acampamentos fosse espontânea, e freqüentemente improvisada .
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Capítulo II
O Desenvolvimento
Muitos são os fatores que influenciaram no desenvolvimento da música sacra americana, para ela ser o que é hoje. Além dos fatores apresentados, é bom apresentar mais alguns.
Os Morávios
Um dos mais importantes grupos dos pietistas alemães eram os morávios. influenciaram demais a música sacra americana. Como pietistas, os morávios com sua música artística e sofisticada da Europa, se afastaram bastante do padrão normal, e a desenvolveram até alcançar novas alturas nesta terra de liberdade. Foram influenciados pela tradição reavivamentista do século XIX, mostrando grande interesse nos “espirituais” da tradição dos acampamentos e nos novos “hinários evangelísticos” que apareceram com o segundo despertamento de Finney.
A Escravatura
Devemos lembrar que a escravatura era uma realidade naqueles dias e o negro apareceu mais tarde junto com o branco nas reuniões campais reavivamentistas. Ao lado desses movimentos, reavivamentos e acampamentos, ia se criando uma abundante hinologia de caráter popular, outra corrente de caráter diferente ia tomando forma entre os negros dos Estados Unidos, e influenciando a música religiosa, a música de dança e a própria música erudita moderna da América.
Os negros capturados na África tinham sua música própria, suas danças, seus ritos religiosos pagãos e, muito importante, suas escalas e seus ritmos próprios.
” Com o tempo, em sua maneira de cantar, participavam dos acampamentos reavivamentistas. Influenciaram e foram influenciados .”
O Hino Evangelístico
As escolas de canto também foram fortemente influenciadas pelos reavivamentos. (citação de Jonathan Edwards)
Começando em 1840, os hinos para a escola dominical assumiram a mesma forma musical que os cânticos dos acampamentos: melodia cativante, harmonia simples e muito ritmo, além de um inevitável refrão. Mais tarde, esses hinos para crianças foram adotados pelos adultos, e nasceu o “hino evangelístico” ou “canção evangelística”. Esses hinos, também chamados “hinos de experiência” continuaram a aparecer no contexto evangélico por todo o mundo. Isto por um motivo: os hinos americanos deste estilo foram traduzidos para todas as línguas protestantes. Identificavam os hinos como sendo objetivos (a respeito de Deus, o “objeto dos nossos pensamentos”), e hinos evangélicos como subjetivos (a respeito do objeto mental que é o “sujeito” da experiência do cantor com Deus). É dificil exagerar o sucesso que estes cânticos, contando experiências, escritos por amadores em teologia e música, tiveram diante do público americano. Permaneceram na vida da comunidade e especialmente das suas igrejas.
Movimento Litúrgico
No decorrer do século XIX, a avassaladora maioria dos freqüentadores das igrejas evangélicas estava preocupada com a hinologia popular que surgiu das improvisações dos acampamentos e dos “espirituais” que eram cantados com melodias folclóricas seculares. Nasce então um movimento dentro das confissões anglicana e luterana no século XIX, chamado movimento litúrgico, conclamando um retorno às tradições primitivas em termos de teologia e prática de adoração. Esta tendência foi intensificada no século XX.
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Capítulo III
A Música Sacra Contemporânea
Não se passou muito tempo, e as igrejas litúrgicas e os grupos denominacionais tradicionais nos Estados Unidos já estavam cantando músicas sacras com melodia folclórica secular, em uma tentativa de tornar os cultos de adoração mais expressivos e festivo. A música sacra/profana foi anunciada como “renovação em comunicação”, pelas igrejas cuja freqüência e sustento financeiro estavam decrescendo, e onde era notável a ausência dos jovens. Embora muitos dos grupos calvinistas e wesleianos na Europa e Grã-Bretanha tenham seguido os padrões tradicionais de adoração, os seus sucessores americanos – presbiterianos, metodistas, reformados – manifestaram a tendência de adotar a liberdade dos congregacionalistas e batistas não litúrgicos. Para alguns deles, isto significou uma forma “reavivamentista”.
Primeiros Sinais da Música Sacra Contemporânea
É bom lembrar que naqueles dias, eram escritos hinos chamados “liberais” , isto é, hinos cujos autores eram muitas vezes unitarianos, alguns transcendentalistas, e outros “livres pensadores”. Em geral esse grupo era teologicamente liberal, inclusive seus hinos, muitos deles, eram poemas “teístas e humanitários” refletindo os males da época: escravidão, intemperança e guerra. No fim do século XIX, com o advento da “Teologia Liberal” e do “Evangelho Social”, os hinos também passaram a refletir esses preceitos. Uma das primeiras expressões da nova música de adoração contemporânea foi a Missa Folclórica do século XX, de Geoffrey Beaumont, que apareceu em 1960. Como membro do Light Music Group, da igreja da Inglaterra, ele declarou resumida e ousadamente a sua filosofia: “A adoração deve incluir não apenas a música “atemporal” dos mestres compositores, mas também os estilos populares da época, que fazem parte da vida do povo de maneira tão notável” .
Na Inglaterra, por volta da década de 1960, começaram a aparecer bandas de rock evangélico semelhantes aos Beatles e Rolling Stones, com o principal objetivo de comunicar o evangelho expressando uma linguagem que fosse compreensível para o jovem.
Atualmente
Os evangélicos se identificam mais com os pietistas, reavivamentistas e movimentos de igrejas livres. Podemos até chamar de “Novo Pietismo” a maneira como louvam a Deus. ” O que identificamos como ‘celebração’ hoje em dia pode ser parcialmente uma reação contra o movimento litúrgico de ontem.”
É importante observar que o hino congregacional cantado nas igrejas evangélicas, tanto tradicionais como livres e até as pentecostais, receberam uma forte influência de todos esses fatores já apresentados. O estilo sacro/profano, além de ser usado como meio evangelístico para atrair as pessoas, também é usado no hino congregacional na adoração dos crentes. Não é difícil encontrar uma igreja evangélica onde não tenha uma bateria e que não cante músicas em diversos estilos: baião, samba, rock, pop, sertanejo, blues e até heavy metal.
No Brasil é bastante evidente o contraste entre os quartetos e conjuntos evangélicos tradicionais e os recentes grupos musicais jovens que têm usado estilos muito populares na composição da música evangélica jovem.
Principais Características da Música de Louvor Contemporânea
1. Perda do discernimento entre sacro e profano.
2. Saque de músicas profanas para uso religioso, com o intuito de tornar o evangelho mais acessível e fácil ao nível do gosto popular.
3. Falso conceito de evangelho. Pregam que Jesus nos livra da obediência à lei de Deus em vez de nos dar a vitória sobre o pecado.
4. Músicas baseadas nas emoções, subjetivas, com ritmos que servem para levar ao êxtase.
“Umas das maiores descobertas científicas foi a de que a música penetra na mente humana através daquela porção do cérebro que não depende da vontade, da parte consciente, mas estimula, por meio do tálamo, a sede de todas as emoções e sentimentos, invadindo o centro cerebral automaticamente, quer a pessoa queira ou não.”
A partir daí podemos entender o porquê da conversão baseada em emoções e sem a aceitação racional de doutrinas.
Problemas atuais
Uma das maiores desculpas dada pela maioria dos evangélicos em relação à música, é a urgência com que o evangelho deve ser pregado aos que não conhecem a Cristo, e a melhor forma é envolvê-las com músicas sacras/seculares. Pode-se verificar a mais completa invasão de formas seculares na expressão religiosa já experimentada na história. Os peritos mudam os estilos musicais usados na igreja quase mensalmente, para conservarem-se atualizados em relação às últimas tendências da música popular secular.
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Conclusão
Através deste trabalho chegou-se à conclusão de que Satanás tem usado sua influência não só apenas na música secular, mas exerce também grande influência na própria música usada na igreja.
A criatividade oferecida pelas novas formas pode levar a uma perda significativa de identidade, o que já aconteceu com algumas Igrejas. Finalmente, o “novo prazer” pode levar a uma adoração hedonista, que é outra forma de idolatria – adorando a experiência, e não a Deus.
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” I Coríntios 10:31.
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Bibliografia
Araújo, Dario Pires de. Música, Adventismo e Eternidade. São Paulo, Alfa Gráficas, 3o edição, 1995.
Hustad, Donald P.. Jubilate ! A Música na Igreja. São Paulo, Edições Vida, 1o edição, 1986.
White, Ellen G. Manuscritos de 1906.
White, Ellen G. Evangelismo, 7a ed. ( Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1991), p. 500.
White, Ellen G. Obreiros Evangélicos, 6a ed. ( Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), pp. 370-371.
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O artigo acima é um trecho de uma monografia preparada pelo autor em maio de 2000 para o Seminário Adventista Latino Americano de Teologia – SALT do Instituto Adventista de Ensino do Nordeste – IAENE, em cumprimento parcial dos requisitos da matéria Métodos de Investigação.

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